A
Irrequietude Motora designa uma atividade marcada por uma quantidade
excessiva de movimentos, sem ter necessariamente uma implicação de patologia.
A Hiperactividade aplica-se a diversos tipos de comportamento mal organizado, onde domina uma combinação de irrequietude e desatenção, inadequada para a idade, com grande intensidade e gravidade dos sintomas.
Na Hiperactividade a criança dificilmente conseguirá ter (mesmo que pequenos) momentos de atenção e concentração, não pára para brincar ou realizar outras atividades, tem problemas graves no sono, e muita dificuldade em parar.
A Criança Irrequieta embora com grande atividade consegue alguns momentos de tranquilidade, consegue descansar, consegue parar quando as atividades lhe interessam.
Como
defende João dos Santos, a irrequietude seria uma forma de reação contra a
ansiedade, e surge, muitas vezes de um fundo de depressão. A criança, incapaz
de pensar o sofrimento, utiliza o comportamento como forma de descarga. Age em
vez de pensar. O sintoma psicomotor inicial seria o sinal de uma tentativa de
adaptação ao que exigem dela, um pedido de atenção ao seu sofrimento.
A
instabilidade tem sempre a ver com uma espécie de fuga para a frente. Há qualquer
coisa que leva a criança a não poder estar quieta, calada, silenciosa, a evitar
pensar nos fantasmas mais ligados à realidade anterior.
A
instabilidade seria, de algum modo, a procura da “estabilidade” de uma idade
anterior, “ e, portanto, uma tentativa de “cura” da ansiedade a que conduz a
insegurança” (João dos Santos, 2002). São as marcas desse vivido precoce que
perseguem a criança no seu interior, não lhe permitindo qualquer descanso
(segurança).
Convém como tal e numa primeira intervenção fazer um diagnóstico correto: se Hiperactivo ou Irrequieto.
A
terapêutica essencial a instituir nas crianças irrequietas e/ou Hiperactivas deverá
consistir numa perspetiva sistémica, ou seja, em todas os sistemas em que a
criança se encontra inserida (na criança, na família, e na escola). A intervenção
deve incidir sobretudo na família e escola, que deverão garantir à criança
estabilidade e segurança.
Com
a família, importa sobretudo modular a relação pais-filhos, tornando-a menos
inquieta, ajudando os pais a acalmarem-se e a lidar de forma mais tranquila,
que naturalmente os deixa bastante exaustos, ajudando-os na construção de uma relação
mais organizadora e afetivamente mais rica e contentora.
A
escola deverá ajudar a criança a pensar melhor, criando situações de
aprendizagem serenas e interessantes.
O
tratamento/ acompanhamento destas crianças deve ser regular, contínuo e a longo
prazo.
Medicar ou não medicar as crianças com Hiperatividade Infantil???
De acordo com Pedro Strecht assistimos, hoje em dia, a um aumento de crianças desnecessariamente medicadas. Mais medicadas, não necessariamente melhor tratadas, porque ficará por perceber é que a hiperatividade e défice de atenção são meros sinais e sintomas. Corre-se o risco de tratar sintomas ou doenças e esquecer crianças ou doentes.
A principal tarefa perante uma criança hiperactiva é sempre compreender a origem, o porquê, os significados latentes, desses mesmos sintomas. Medicar sem compreender é como pôr a chupeta a um bebé sem perceber porque chora. Não é melhor ver porque chora? Se é fome ou cólicas intestinais?
Voltando
à nossa questão: A prescrição da medicação deve ser bastante moderada, devido
aos riscos que lhes estão associados.
Taylor
(1986, cit. por Salgueiro, 2002) num estudo que realizou, com crianças hiperativas
observou que os psicofármacos podem ter efeitos secundários importantes em
certas crianças, tais como:
·
Atraso no crescimento e perda de apetite
(mais frequentes)
·
Crises convulsivas, taquicardia,
hipertensão, agravamento de tiques, estados disfóricos (menos frequentes)
Desta
forma, a medicação pode ser prescrita de forma bem moderada,
supervisionada regularmente, nas seguintes condições:
·
Quando a criança corre risco de exclusão
escolar ou familiar em virtude do seu comportamento
·
Quando existe um desafio cognitivo
imediato, com risco de retenção para a criança, ou quando esta não consegue
aprender devido à falta de atenção.
Porém,
sempre, e em simultâneo, a criança deve seguir um tratamento psicoterapêutico.
Se precisar de ajuda contacte-nos!!
Dra. Sara Lóios,
Psicóloga de Crianças, Adolescentes e Famílias